Política

Nem direita, nem esquerda: DataSensus mostra novo perfil do eleitor em Alagoas

Levantamento inédito mostra que o eleitorado alagoano está cada vez mais distante da polarização política e revela como fatores como religião e faixa etária moldam a visão ideológica no estado.

Mulher segurando cartaz - Reprodução Gazeta do Povo
Mulher segurando cartaz - Reprodução Gazeta do Povo

Uma nova pesquisa do Instituto DataSensus, divulgada nesta semana, revelou dados surpreendentes sobre o comportamento político do eleitorado de Alagoas. Realizado em 15 de abril de 2025, o levantamento mostra que 39,6% dos entrevistados não se identificam com os rótulos tradicionais de esquerda, direita ou centro — sinalizando uma mudança relevante na forma como os alagoanos se veem no espectro político.

A pesquisa foi realizada com 1.200 entrevistas presenciais em 49 municípios alagoanos, e tem margem de erro de 2,8 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%. O universo é representativo do eleitorado do estado, estimado em mais de 2,2 milhões de pessoas, segundo o TSE.

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Polarização ainda existe, mas perde espaço

Apesar da rejeição significativa aos rótulos ideológicos, o levantamento identificou ainda:

  • 17,8% se declaram bolsonaristas
  • 17,3% se dizem lulistas ou petistas
  • 9,8% se identificam com a direita, mas não com Bolsonaro
  • 6,1% se posicionam à esquerda, sem vínculo com o PT
  • Apenas 1,7% se dizem de centro

Esses números sugerem que, embora a polarização entre lulistas e bolsonaristas ainda esteja presente, ela não representa a maioria do eleitorado. A maior parte dos alagoanos se mostra desalinhada com os extremos, abrindo espaço para novas formas de representação política.

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Gênero, idade e religião influenciam a ideologia

A pesquisa também analisou como fatores como gênero, faixa etária, religião e escolaridade interferem na autodeclaração política. Os dados mostram que:

  • Mulheres têm maior tendência a se identificar com a esquerda.
  • Homens são mais propensos a aderir à direita.
  • Jovens entre 16 e 24 anos representam o maior grupo de “sem rótulo político”.
  • Evangélicos têm maior concentração na direita, enquanto católicos apresentam maior indefinição ideológica.

Essas diferenças mostram que o comportamento político no estado não é homogêneo e varia conforme o perfil sociodemográfico do eleitor.

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Cidades mais ideológicas

O levantamento ainda revelou um mapa ideológico curioso:

  • Mais à esquerda: Capela, Teotônio Vilela e Cajueiro.
  • Mais à direita: Coruripe, Maragogi e União dos Palmares.

Essa segmentação regional é relevante para campanhas eleitorais, ajudando partidos e candidatos a personalizarem suas estratégias conforme a base eleitoral.

Eleitor busca novos caminhos fora da polarização

Para o diretor do Instituto DataSensus, Mario Bispo, o estudo aponta um cenário em transição:

“Compreender esse novo perfil é fundamental para candidatos, gestores públicos e partidos políticos que desejam dialogar com a sociedade de forma eficaz”, afirma.

O alto percentual de eleitores que não se enquadram nos polos tradicionais pode ser reflexo de um cansaço da polarização e de uma busca por narrativas políticas mais equilibradas, com foco em propostas concretas e representatividade real.