O Ministério Público de Alagoas (MPAL), por meio da Promotoria de Justiça de Murici, opinou pela procedência do pedido de prisão preventiva do proprietário de um bar no município, suspeito de dopar, estuprar e filmar ao menos três mulheres. Segundo as investigações, as vítimas teriam sido expostas em redes sociais sem consentimento. Algumas das fotos chegaram, inclusive, ao estado do Mato Grosso, no Centro-Oeste do país.
A promotora de Justiça Ilda Regina entende que a a medida é necessária, pois o acusado é “uma verdadeira ameaça à população feminina do município, bem como impõe riscos às vítimas”.
“Com efeito, há nos autos fundados elementos que indicam a periculosidade do indiciado e demonstram a reiteração criminosa o que representa uma verdadeira ameaça à população feminina do município, bem como impõe riscos às vítimas, e por entender presentes os requisitos necessários para a decretação de tais medidas, sob os fundamentos de fato e direito já evidenciados, pugnou o Órgão Ministerial pela concessão dos pedidos ofertados pela Autoridade representante, em sua integralidade, como também pela autorização para análise e extração dos dados telemáticos de aparelhos e dispositivos de armazenamento eventualmente apreendidos”, diz o parecer assinado pela promotora de Justiça.
O suspeito utilizava o próprio bar como meio para atrair mulheres. O local, que também é a residência do acusado, servia de armadilha: as vítimas eram embriagadas e dopadas com substâncias ainda não identificadas. Em seguida, eram estupradas e filmadas, muitas vezes inconscientes.
“Em uma das situações, relatada na representação, as vítimas foram até o bar do acusado por confiança, uma vez que era conhecido, inclusive tendo parentesco com a ex-cunhada de uma delas. Agindo de forma premeditada, o que restou comprovado através das diversas filmagens de teor semelhante, o acusado teria dopado outras mulheres e arrastado-as para dentro de sua residência até a cama, onde filmou cenas de sexo sem que as mesmas tivessem conhecimento pois estavam sedadas. Nos vídeos desse caso, é notório que as vítimas estão inconscientes e na residência do acusado, acoplada ao bar, a polícia encontrou vários frascos de medicamentos ansiolíticos provavelmente utilizados para tal finalidade”, afirma a promotora.
O caso veio à tona após uma das vítimas procurar a delegacia e denunciar o estupro. Ela contou que voltou ao bar dias após o ocorrido, quando uma pessoa mostrou a ela um vídeo que circulava em grupos de redes sociais. Ao confrontar o suspeito, ele tentou justificar dizendo que ela apenas havia bebido demais, e que ele tinha colocado ela para dormir na cama. Foi a partir desse depoimento que a investigação foi aberta e outras duas mulheres também prestaram queixa, reconhecendo-se nas imagens.
“Além de cometer os crimes, o autor tinha a certeza que ficaria impune uma vez que, segundo as vítimas, o mesmo teria dito que poderiam ir à delegacia pois já havia feito outras filmagens semelhantes e não tinha dado em nada, até aquela data. O Ministério Público, ao receber a representação da autoridade policial, adotou todas as providências cabíveis para que dentro do disposto pela legislação criminal as investigações sejam concluídas havendo a produção de todas as provas necessárias ao ajuizamento da ação penal”, ressaltou Ilda Regina.
O suspeito foi preso na última quarta-feira (21). Além da prisão, foram apreendidos quatro frascos de clonazepam, dois pen drives, um celular e dois leitores de cartão de memória no bar.