Foi sob aplausos e profundo silêncio que o corpo de Pierre Victor Pereira Silva, de 10 anos, foi sepultado nesta terça-feira (10), no Cemitério de São Gonçalo, no centro de Palmeira dos Índios, Agreste de Alagoas. O menino foi vítima de uma tragédia familiar que chocou o estado: ele foi assassinado pelo próprio pai, o major da Polícia Militar Pedro Silva, após o militar fugir da prisão onde estava detido.
O cortejo fúnebre foi acompanhado por familiares, amigos e moradores da cidade. A comoção tomou conta do trajeto até o cemitério. Alunos da escola em que Pierre estudava prestaram homenagem segurando bolas brancas e uma faixa com a frase: “Pierre, nosso pequeno anjo. Seu sorriso estará presente em nossos corações”. Ao final da caminhada, as bolas foram soltas em direção ao céu, em um gesto simbólico de despedida.
Pablo Victor, irmão de Pierre que reside no Canadá, esteve presente no sepultamento e falou com pesar sobre a perda. “Foi o fim para ele, depois de muito sofrimento, e agora ele vai descansar. Não tem como acreditar que o próprio pai poderia fazer isso, do jeito que ele estava ali. A funerária fez um trabalho maravilhoso para que a gente pudesse vê-lo pela última vez”, disse.
A violência que tirou a vida de Pierre ocorreu no sábado (7), no bairro do Prado, em Maceió. O major Pedro Silva invadiu a residência da ex-esposa e manteve cinco pessoas da família como reféns: a ex-mulher, o filho caçula do casal (de apenas 3 anos), Pierre, sua própria irmã e o cunhado, o sargento Altamir Moura Galvão, que também foi morto.
O Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) foi acionado para conter a situação. Apesar das tentativas de negociação, o major se recusou a se entregar. Durante a operação, ele foi baleado e morreu no local.
A população de Palmeira dos Índios e de Maceió reagiu com choque ao episódio. Vitória, vizinha e amiga da família, expressou o sentimento de incredulidade diante do crime. “Ninguém imaginava que ele faria algo contra o próprio filho. Todo mundo sabia que ele agredia a família, mas isso ninguém poderia prever. É muito triste.”
A tragédia encerra de forma brutal uma sequência de violência doméstica que, segundo relatos de conhecidos, já era conhecida por parte da comunidade.