Educação

Nordeste concentra mais da metade dos analfabetos do Brasil, diz IBGE

Em 2024, o Nordeste concentrou 55,6% dos analfabetos do Brasil. Dados do IBGE mostram desafios históricos e regionais na educação básica.

Idosa escrevendo - © Geovana Albuquerque/Agência Brasília
Idosa escrevendo - © Geovana Albuquerque/Agência Brasília

Apesar da queda nacional no número de analfabetos, o Nordeste continua liderando o ranking das regiões com maior taxa de analfabetismo no país. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) sobre Educação, divulgada pelo IBGE, o Brasil registrou 9,1 milhões de pessoas analfabetas com 15 anos ou mais em 2024, o equivalente a uma taxa de 5,3%. Desse total, mais da metade (55,6%) vive no Nordeste, o que representa 5,1 milhões de pessoas.

Esse dado evidencia um problema estrutural de longa data. Enquanto o país vem reduzindo gradualmente o número de pessoas sem saber ler e escrever — em 2016, a taxa era de 6,7% — o Nordeste apresenta dificuldade em acompanhar essa evolução no mesmo ritmo. Para especialistas, a desigualdade histórica de o à educação, aliada a fatores como pobreza, baixa presença do Estado em áreas rurais e políticas públicas descontinuadas, contribuem para esse cenário.

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Segundo William Kratochwill, analista do IBGE, o analfabetismo no Brasil tem forte relação com a idade e a exclusão social acumulada ao longo das décadas. “As novas gerações têm maior o à escola, mas o ivo educacional é alto entre os mais velhos, especialmente nas regiões mais pobres”, afirmou.

Analfabetismo é mais grave entre idosos, pretos e pardos

O levantamento mostra que 14,9% das pessoas com 60 anos ou mais no Brasil são analfabetas. No Nordeste, esse percentual é ainda maior, especialmente entre pessoas pretas e pardas. Enquanto 21,8% dos idosos pretos ou pardos são analfabetos, entre os brancos essa taxa cai para 8,1%. Esses números escancaram o efeito cumulativo da exclusão educacional no país, com impacto mais intenso no Norte e Nordeste.

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A situação reforça a urgência por políticas públicas voltadas à alfabetização de adultos e idosos, bem como a ampliação da educação de jovens e adultos (EJA) nas regiões mais afetadas. Para especialistas, o analfabetismo não é apenas um indicador de atraso educacional, mas também de vulnerabilidade social. Sem saber ler ou escrever, milhões de brasileiros enfrentam obstáculos para ar direitos básicos, como saúde, trabalho e participação cidadã.

Embora o Brasil tenha registrado queda de 197 mil analfabetos entre 2023 e 2024, o hiato regional se mantém. No Sudeste, que concentra 22,5% dos analfabetos (2,1 milhões de pessoas), a taxa é bem menor. Já no Sul e no Centro-Oeste, os índices são inferiores à média nacional.

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O desafio do analfabetismo no Nordeste exige ações direcionadas, permanentes e integradas entre estados, municípios e governo federal. A inclusão educacional dessa parcela da população é condição essencial para o desenvolvimento social e econômico da região.