MACEIÓ – Após um julgamento marcado por depoimentos impactantes e provas contundentes, o alagoano Albino Santos de Lima, de 47 anos, foi sentenciado nesta sexta-feira (11) a 37 anos de reclusão. A decisão partiu do Tribunal do Júri da capital, que considerou o réu culpado pelo assassinato de Emerson Wagner da Silva e pela tentativa de homicídio contra outro jovem, ocorridos no bairro Ponta Grossa, em junho de 2024.
A sessão contou com o depoimento da vítima sobrevivente, que forneceu detalhes cruciais sobre o ataque, além da participação de familiares da ex-companheira do réu, que descreveram seu histórico de comportamento violento. O promotor de Justiça, Thiago Riff, sustentou a acusação e destacou que o crime foi motivado por ciúmes e obsessão. Segundo ele, Albino se incomodou com o fato de Emerson questionar sua tentativa de invadir a casa da namorada — uma adolescente com perfil semelhante ao de outras vítimas fatais atribuídas ao réu.
“Não se tratou de um ato isolado. A jovem que morava na residência tem características semelhantes às demais vítimas, o que pode indicar a intenção de repetir o padrão dos crimes anteriores”, afirmou o promotor.
Histórico de crimes em série
De acordo com investigações conduzidas pela Polícia Civil de Alagoas, Albino Santos é suspeito de liderar uma série de homicídios registrados em Maceió entre 2019 e 2024. Os trabalhos periciais do Instituto de Criminalística ajudaram a conectar o nome do réu a pelo menos 18 assassinatos — dos quais ele teria confessado 16.
As vítimas, conforme apurou a polícia, eram em sua maioria jovens com menos de 25 anos. Em um comportamento que chocou até investigadores experientes, o acusado chegou a visitar os túmulos de algumas vítimas para tirar selfies, reforçando um padrão de perversidade incomum.
Durante interrogatórios, Albino alegou que agia sob influência de vozes e mencionou uma suposta orientação espiritual. Em um dos relatos mais controversos, afirmou ter cometido um dos homicídios por estar “possuído” e sob ordens de uma entidade que identificou como “Arcanjo Miguel”.
Prisão e repercussão
O criminoso está detido desde setembro de 2024, quando foi capturado após o avanço das investigações. Sua prisão foi considerada um marco no combate a crimes em série no estado, sendo tratado por autoridades como o mais letal assassino em série da história recente de Alagoas.
A repercussão do caso mobilizou não apenas a sociedade civil, mas também reacendeu debates sobre saúde mental, reincidência criminal e o sistema prisional. A condenação, embora restrita ao crime cometido em junho do ano ado, pode abrir caminho para novos julgamentos relacionados aos demais assassinatos atribuídos ao réu.